Uma parceria entre a Embrapa Agroenergia e a empresa Haka Bioprocessos, sediada em Catanduva (SP), vai pesquisar o desenvolvimento de diesel verde a partir de resíduos de ossos de aves.
Os trabalhos começam já neste mês e devem durar dois anos. O processo fará a caracterização dos componentes químicos da matéria-prima (bio-óleo), o pré-tratamento, a hidrogenação e a caracterização do produto final. A intenção é chegar a uma composição próxima à do diesel petróleo e ainda aproveitar a matéria-prima. O processo de hidrogenação é semelhante ao que a Embrapa Agroenergia já fez com o óleo de palma, conhecido por sua elevada acidez. “Achamos o projeto bastante visionário por parte da empresa, que pretende agregar valor a um resíduo que já produz e encontrar uma nova solução verde e sustentável para a matriz energética brasileira”, afirma a pesquisadora Itânia Soares, líder da pesquisa.
O diesel verde ou diesel renovável, definido como combustível renovável para motores a combustão de ciclo diesel produzido a partir de matérias-primas renováveis, ainda não faz parte da matriz energética brasileira. A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) discute a regulamentação de qualidade e a comercialização no país e se houver essa autorização a ideia é adicionar o diesel verde ao fóssil, que já possui obrigatoriamente 12% de biodiesel em sua composição. O resultado será uma mistura ternária, ou seja, um combustível composto por três diferentes produtos.
Em outros países o diesel verde já é realidade. Na Europa, o biodiesel é permitido no teor máximo de 7% e nos Estados Unidos, o limite é de 5%."Esse projeto será um legado de longo prazo para o agronegócio brasileiro. Nossa expectativa é também levar essa tecnologia para os principais produtores de proteína animal como Europa e EUA, colocando essa solução na pauta de exportações nacionais, consolidando a vocação brasileira para a inovação tecnológica no campo", prevê o fundador e CEO da Haka Bioprocessos, Cyro Calixto.